Aqui fica uma selecção das respostas do prior de Aljezur ao inquérito ordenado pelo marquês de Pombal.
1. Fica a vila de Aljezur em o reino e bispado do Algarve, comarca da cidade de Lagos, sendo termo e freguesia sua.
2. É do sereníssimo rei de Portugal nosso senhor, comendador e alcaide-mor de seu castelo e marquês de Angeja que hoje existe.
3. Tem vizinhos duzentos e noventa e três, a saber: a vila catorze e três e os mais nas herdades e casais do campo que compreendem mil e quarenta e quatro pessoas.
5. Tem termo seu que compreende o lugar e freguesia de Odeceixe e tem vizinhos oitenta e três.
15.A maior abundância que os moradores recolhem é trigo, milho, feijão branco e fradinho e também em menos abundância centeio, cevada, ervilhas redondas e quadradas, favas, linho e vinho que abunda para a terra e generoso principalmente do sítio da regata.
19.Não tem feira.
20.Não tem correio.
21.(…) dizem as pessoas antigas que haverá noventa ou cem anos entravam nele caravelas e barcos cacilheiros e levavam trigo e dos mais frutos da terra chegavam perto da vila meio quarto de légua e como os tempos arcaram com inundação das águas a boca que lhe facilitava a entrada o não conseguem já hoje e só capaz de barcos pequenos de remos quando está cheio e nele se pesca robalos em abundância douradas, mugens, enguias e em alguns sítios boas amêijoas e em suas terras excelentes mexilhões.
26.No terramoto de mil setecentos e cinquenta e cinco padeceram muito as casas desta vila e se tem acudido a algumas e muitas estão no mesmo estado e da igreja matriz que caiu quase toda, só ficaram as paredes da capela-mor ainda que muito arruinadas abrigando a tribuna de entalho. Até ao presente não tem o comendador cuidado saber é (sic) suas obrigações para acudir ao preciso, tendo despertado os avisos que antes do terramoto se lhe tinham feito fundados nos repetidos clamores das visitas do ordinário e da ordem, eximindo-se com frívolas desculpas para acudir ao preciso e dourar a tribuna, promessa por seu avô já há vinte e cinco anos feita e por ele nunca acabada, e as ermidas de Santa Suzana, São Sebastião, Santo António, São Pedro estão quase no chão da ruína mencionada.
O prior de Aljezur, Martinho Pereira da Silva, 1758
É na sequência do Terramoto que se inicia a ocupação urbana das colinas que, fronteiras ao castelo, bordejam, a leste, a várzea de Aljezur. Afastando-se das ruínas da vila e do perfil mais acidentado do seu núcleo primitivo, o bispo D. Francisco Gomes de Avelar mandaria construir um templo naquele local. Era a designada Igreja Nova - a mesma que daria o nome ao novo núcleo urbano que, a partir dela, começaria a erguer-se.
Paulo Esteves
Paulo Esteves
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